O RENASCIMENTO | Procura-se Perna-Metade

22:44


       
     
       A vida está a chegar. Em breve bater-me-á à porta e de braços abertos, assim espero eu, receber-me-á como nunca me recebeu. Um novo corpo nascerá e acompanhar-me-á durante os próximos tempos. Permitirá que eu renasça e descubra um novo eu. Um eu verdadeiro, livre, autêntico e meu.
Nascemos sem nos termos planeado ou idealizado. O nascer é efetivamente o único acontecimento na nossa vida no qual não temos o mínimo controlo ou decisão. Mas assim que nascemos, cabe-nos a nós reconstruir o nosso nascimento e fazê-lo realmente nosso e único. Sou nova, combati na verdade poucas batalhas exclusivamente minhas. Fui sortuda o suficiente para ter tido um batalhão titânico comigo desde o início, que desbravou todos os caminhos por onde tenho passado. Não escolhi o meu nascimento, mas, na realidade, sei que o batalhão me escolheu a mim. Escolheu-me, protegeu-me e lutou por mim com todas as suas forças.

       Mas cresci. Fui crescendo e percebendo que a principal batalha tinha de ser combatida por mim. Que o batalhão um dia iria, eventualmente, perder forças. Forças essas que não se perdem. Transformaram-se e ganham um novo hospedeiro. Hospedeiro este sedento de viver e lutar pelos seus direitos e dos demais companheiros.

       A independência e liberdade gritavam por mim e eu, como um marinheiro enfeitiçado pelo canto das sereias, decidi lançar-me ao mar em busca delas. E, assim, iniciei a minha própria luta: a do renascimento. A minha primeira guerra, a minha primeira conquista. Vários foram os marinheiros que haviam já embarcado há anos e já estavam em alto mar a enfrentar diversos adamastores, na ânsia de conquistar as primeiras sereias. Segui atrás deles, como um aprendiz grumete que observa a restante tripulação mais experiente. Não só queria lutar, como queria também aprender. E aprendi imenso. Aprendi a ter paciência, a lutar conscientemente e a planear todas as minhas batalhas de forma organizada.

       A primeira batalha desta guerra que é a vida independente está ganha. A partir de outubro uma perna-metade virá ao meu encontro e juntas aprenderemos a andar de novo.

Ao CVI, Centro de Vida Independente de Lisboa:

       Obrigada aos marinheiros pioneiros que, por mares nunca dantes navegados em Portugal, por perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana, alcançaram aquilo que muitos até então achavam impossível: o Modelo de Apoio à Vida Independente, aqui, na nossa terra lusitana. Obrigada pelo esforço e dedicação. Por nunca terem desistido e por terem ultrapassado todos os “nãos”. Ao lado de vocês sinto-me pequeníssima, mas no bom sentido. Olho para vocês com muita admiração e atenção para que possa também seguir os vossos passos e juntar a minha força à vossa. Vi-vos crescer desde o início. Obrigada por me deixarem fazer um bocadinho de nada parte da vossa história.

       Assim, peço a vossa ajuda na procura de 3 pernas-metade, ou seja, 3 assistentes pessoais. Não é obrigatório formação ou experiência, embora valorize-se.


Links úteis do CVI - Centro de Vida Independente:

O que é a Assistência Pessoal?
Página Facebook
Site

Ansiosa por nascer e vos conhecer,
Com amor e ansiedade (aos molhos),

Raquel Banha



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