UMA CARTA DE AMOR A "LA LA LAND" - O FILME

17:14





















Querido La la Land,

Na passada quinta-feira tive o maior prazer em finalmente te conhecer ao vivo. Foram provavelmente das duas horas mais mágicas e intensas da minha vida. 


Desculpa-me não ter ido sozinha ao teu encontro, mas tinha a certeza que irias ser tão especial que seria crime não a partilhar com outros. Fizeste-me rir com os pormenores mais patéticos que possamos imaginar. Aquele fato de treino do Ryan Gosling, a sério? Mas sim, também foste muito sério. Que dramático e melancólico. Mas sempre tão, tão bonito. Foste o culpado da minha pele de galinha e da gota de soro que escorreu pelo meu peito adentro. Não entendo como há pessoas que desprezam os sonhos. Sejam os deles ou de outras pessoas. A esperança e sonho é o que nos move, não é? O nosso propósito, objectivo. Obrigada por me teres homenageado. Ou melhor, a todos os seres humanos como eu. Os sonhadores, melodramáticos, apaixonados eternos. Os loucos. Aos corações despedaçados e à bagunça das vidas. Aos extravagantes e lunáticos. Aos que em que ninguém acredita. Obrigada. Tenho também a agradecer-te por me teres dado uma grande estalada. Por me teres dividido em duas partes. Por me teres posto em conflito com a minha realidade e os meus sonhos. O alcançável e o imaginário. Mas falaste-me de uma forma tão mágica, que me doeu menos, sabes? 
Tudo à nossa volta estava lindo. Voámos e cantámos por cima das pessoas. Com elas, mas na verdade, éramos só nós dois. Rodeadas de estrelas e constelações. Galáxias de sonhos! Conseguias-me sentir? Ouvias-me? Ouvias o bater do meu coração e o grito silencioso das minhas cordas vocais? 

Pronto, eu sei. Estou só para aqui a falar de mim e de ti. Não te esqueças de dar um grande beijo meu ao Damien Chazelle, por ter encaminhado as minhas pupilas para os sítios mais bonitos e da melhor maneira possível, e diferente. Ouvi dizer que ele está nomeado para os Óscares. Confesso que não sei rezar, mas por ele escreverei uma oração. Porque merece. Oh, se merece. Estamos habituados a ver filmes com olhos demasiado realísticos. Mesmo os filmes de ficção cientifica. Os planos são lineares, quadrados, sem magia. E não estou a falar de efeitos especiais, atenção. São como se fossem os nossos olhos a ver, pura e simplesmente aquilo, sem rodeos místicos. Tu não. Tu tiveste o dom de me guiar, de me fazer acreditar em pós de perlimpimpim. Senti-me numa montanha russa enquanto viajava por ti. Que delícia.

Vou-te confessar um segredo. Também me apaixonei pelo Sebastian. Somos muito parecidos, sabes. Ambos amantes de jazz e de certa forma uns modernos tradicionalistas. Um apaixonado pela música e vida. Um sonhador eterno, tal como eu. 

Pára tudo. Pára! Como fizeste aquilo? Sim, como transformaste a Emma Stone numa atriz estrondosa? Que disparate. Como se ela já não o fosse. Afinal apenas realçaste nela as mais belas técnicas de performance. "Here's to the ones who dream... Foolish as they may seem.". Ela é a prova de que não se precisa de ser um cantor profissional para se fazer musicais como deve ser, à séria. As expressões faciais dela nessa cena, fizeram-me mesmo, mesmo acreditar na Mia, na tia dela, no Sena e em cada nota que ela cantarolava. Conseguia sentir cada respiração, cada barulho dos lábios, o pestanejar... Bravo, bravo Emma. Espero aplaudir-te ainda mais dia 26 de fevereiro.   

Estou quase a despedir-me de ti. Por enquanto, claro. Impossível será não comprar-te e ver-te infinitas vezes. Quis guardar o melhor para o final. A razão dos meus arrepios, da minha esperança e olhos lacrimejantes. Justin Hurwitz... Só me apetece agarrar-te e abanar-te com toda a minha força. Não sei porquê, mas provavelmente seria o que fazia se te visse um dia a caminhar na rua. Para descarregar todo o turbilhão de sentimentos que as tuas composições me fizeram guardar. Sim, porque elas não me saem da cabeça. Elas e eles, os sentimentos, mas do peito. Não bastava a minha paixão por jazz, que conseguiste ainda adivinhar que sou louca por valsas. Valsas, jazz... que mais poderia pedir de ti? Nada, mas tu achaste pouco e achaste por bem apertar o meu coração e fazer com que eu fizesse cara de parva ao ouvir as tuas criações. Obrigada pela parte que me toca Justin, obrigada...

Depois de escrever cada letra desta carta, chego à conclusão que não tenho mesmo palavras para ti. Resta-me agradecer-te mais uma vez pelos sorrisos, lágrimas, metáforas, magia e arrepios. Obrigada.




Sempre tua, 
Até jazz.



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2 comentários

  1. Mas que bela carta de amor mas também quem é que não sai apaixonado dum filme destes? Principalmente quem sonha, os que sonham acordados e os que sonham a dormir. Este filme não me fala só ao coração mas também à alma, o meu sonho é muito parecido com o deles e sei que há dias que dói tanto, que parece que estamos num pesadelo, que o caminho que escolhemos está cheio de buracos, mas apesar de tudo a paixão pelo que fazemos fala sempre mais alto. Nunca vou deixar de sonhar porque estar num palco é o que me torna quem sou e eu não posso desistir disso por isso "here's to the ones who dream, crazy, as they may seem, here's to the hearts that break, here's to the mess we make" ^^

    E a ti minha querida, agradeço te por teres partilhado esta experiência mágica comigo <3

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  2. La La Land é um filme essencialmente sensorial. A história é quase uma desculpa para reconstruir a magia dos musicais. Ryan Gosling é muito talentoso, lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Desfrutei muito sua atuação neste filmeBlade Runner filme cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.

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